Fundador do The Pirate Bay cria máquina para criar prejuízos à industria musical

O co-fundador do The Pirate Bay, Peter Sunde, recentemente libertado da prisão e que cumprir sentença na Suécia, criou a derradeira máquina para causar prejuízos à indústria musical.

Peter Sunde podia ter aprendido a lição e ter ficado quieto. Mas não. Fez precisamente o oposto, continuou a investir naquilo que acreditava.

Depois de ter sido acusado de vários milhões de danos às indústrias da música e do cinema, Peter Sunde criou a máquina que vai dar muitas dores de cabeça a muita gente nestas industrias.

Para isso, precisou apenas de um Rasphberry PI, um monitor LCD e escrever algum código em Python. E assim nasceu a Kopimashin.

Mas o que é que esta máquina faz?

Este pequeno dispositivo basicamente faz cópias indeterminadamente. No seu processo em Tribunal, muitas vezes foram aquelas a que os seus acusadores alegaram o preço das “cópias” que foram feitas pelo The Pirate Bay. E nunca foram capazes de justificar, realmente, esse preço.

Por isso, o co-fundador do The Pirate Bay criou o Kopimashin que faz cópias de músicas e depois as envia para /dev/null/. Este /dev/null/ é um “directório especial” em ambientes Linux que, na realidade, quer dizer “nada”. Ou seja, depois do dispositivo fazer a cópia da música, ele apaga-a automaticamente. E volta a fazer isto tudo outra vez. Dezenas de vezes. Centenas, milhares de vezes!

O dispositivo que Peter Sunde tem em casa está a fazer o download da música Crazy de Granis Barkey, e por dia causa à indústria musical perdas no valor de 10 milhões de dólares. Isto por dia e só num dispositivo.

O que Peter Sunde quer mostrar é que a acusação dele pelas “perdas” das indústrias não são reais. E como quer levar isto até ao limite, já se “candidatou” ao Livro do Guiness com a sua invenção.

Aqui fica o vídeo de demonstração deste máquina para “chatear” muita gente:

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Fundador do Pirate Bay: “Eu desisti”

Peter Sunde, um dos fundadores e porta-voz do The Pirate Bay aceitou, no passado dia 11 de Dezembro, dar uma entrevista ao site Motherboard. Sunde partilhou a sua opinião sobre o actual estado da Internet, da falta da liberdade e da completa indiferença das pessoas.

“A internet está uma merda, hoje. Está estragada. Esteve provavelmente sempre estragada, mas nunca esteve tão mal.”

A conversa de Joost Mollen, autor do artigo com Peter Sunde não começou de forma optimista. E há boas razões para isso: nos últimos dois meses, a cultura pirata demonstra pesados sinais de derrota na batalha pela Internet.

No último mês vimos a Demonii desaparecer. Era o maior tracker de torrents na Internet, responsável por mais de 50 milhões de trackers anualmente. A MPAA conseguiu também desligar a famosa equipa YIFY juntamente com o Popcorn Time. Cá por Portugal, todos os meses dezenas de sites estão a ser bloqueados por ordem de organismo privado e sem qualquer intervenção judicial.

Embora pareça que os piratas estejam ainda a lutar nesta batalha, Sunde afirma que a realidade é mais definitiva: “Já perdemos.”

Em 2003, Peter Sunde, juntamente com Fedrik Neij e Gottfrid Svartholm lançaram o Pirate Bay, um site que se veio a tornar o maior e mais famoso site de partilha de ficheiros no mundo. Em 2009, os três fundadores foram julgados num caso controverso onde foram considerado culpados de “ajudar [outros] a cometer violações de direitos de autor.”

Parem de tratar a internet como se fosse algo diferente, e comecem a focar-se em como querem que a vossa sociedade seja.

Motherboard: Olá Peter, estava a pensar perguntar-te como estão a ir as coisas, mas claramente não estão bem.

Peter: Não, não vejo nada de bom acontecer. As pessoas contentam-se com pouco.

Olha para a lei da Neutralidade da Internet na Europa. É terrível, mas as pessoas estão contentes e dizem “podia ser pior”. Esta atitude é errada. O Facebook leva a Internet para África e para outros países pobres, mas eles apenas dão acesso limitado ao seu próprio serviço e fazem dinheiro com pessoas pobres. E conseguem apoio dos governos para o fazer, visto que eles fazem excelente marketing.

A Finlândia tornou o acesso à Internet num direito humano à uns tempos. Foi uma boa jogada da Finlândia. No entanto, é a única coisa positiva que vejo de qualquer país no mundo relativamente à Internet.

Então, o quão mau está o estado da internet livre?

Bem, nós não temos uma internet livre. Não temos uma internet livre à bastante tempo. Portanto, não podemos falar sobre internet livre porque já não existe. O problema é que ninguém para ninguém. Estamos a perder privilégios e direitos constantemente. Não estamos a ganhar nada em lado nenhum. A tendência tem sido apenas unidirecional: uma internet mais fechada e mais controlada. Isto tem um grande impacto na nossa sociedade. Porque a sociedade é um espelho da internet. Se tens uma internet mais oprimida, tens também uma sociedade mais oprimida. Isso é algo em que nos devíamos focar.

Mas ainda se pensa na Internet como um novo tipo de Faroeste, que as coisas ainda não estão nos conformes e por isso não nos preocupamos porque vai tudo ficar bem, de alguma forma. Mas não é bem o caso. Nunca se viu tanta centralização, extrema desigualdade e extremo capitalismo em nenhum sistema antes. Mas de acordo com o marketing feito por pessoas como Mark Zuckenberg e com empresas como a Google, o objectivo é ajudar a internet livre e difundir a democracia, etc. E ao mesmo tempo, eles têm monopólios capitalistas. É como confiar que o inimigo vai ter boas ações. É bizarro.

Pensas que é por as pessoas não considerem a internet como algo real, ou um sítio real, que se preocupam menos com o seu bem estar?

Bem, uma coisa é certa, temos vindo a crescer a perceber a importância das coisas como uma linha telefónica ou a televisão. E se começássemos a tratar as nossas linhas telefónicas ou os canais televisivos como tratamos a internet, as pessoas iam ficar chateadas. Se alguém te diz que não podes ligar a um amigo ias perceber que é uma coisa bastante má que está a acontecer. Entendemos os nossos direitos. Mas as pessoas não sentem isso com a Internet. Se alguém te diz que não podes usar o Skype para isto ou para aquilo, não tens a sensação que é sobre ti em particular. Não vês ninguém a espiar-te, não vês nada censurado, não vês quando alguém apaga resultados das pesquisas do Google. Eu acho que esse é o maior problema para conseguir obter atenção das massas. Se não vês os problemas, não te sentes ligado a eles.

Eu preferia não me preocupar com isso. Porque é muito difícil fazer algo sobre isso e não te tornares num paranóico das conspirações. E não queres ser assim, por isso desistes. Acho que isso é o que as pessoas pensam.

Do que é que desististe, exactamente?

Desisti da ideia que podemos vencer esta batalha pela Internet.

A situação não vai ser diferente porque aparentemente isto é algo que as pessoas não estão interessadas em corrigir. Ou nós não conseguimos que as pessoas se interessem o suficiente. Talvez seja um pouco de ambos, mas é este tipo de situação em que estamos, por isso é inútil fazer algo em relação a isso.

Tornamo-nos, de certa forma, o Cavaleiro Negro d’O Santo Graal dos Monty Python. Temos apenas metade da nossa cabeça de sobra e ainda estamos a lutar, ainda pensamos que temos hipótese de ganhar.

Então o que podem as pessoas fazer para mudar isto?

Nada.

Nada?

Não, acho que já chegamos a esse ponto. Acho que é realmente importante que se perceba isto. Perdemos esta luta. Temos que admitir a derrota e ter a certeza que na próxima vez percebemos porque é que a perdemos para termos a certeza que não volta a acontecer e que ganhamos a guerra.

Desisti da ideia que podemos vencer esta batalha pela Internet.

Certo, então de que se trata esta guerra e o que podemos fazer para a vencer?

Acho que para ganhar a guerra primeiro temos que entender por o que estamos a lutar, e para mim é claro que estamos a lidar com uma questão ideológica: o capitalismo extremo que se vê actualmente, os lobbies poderosos existentes e a centralização de poderes. A internet é apenas uma peça de um puzzle maior.

E outra coisa com o ativismo é que é preciso obter-se momento e atenção. E nós somos muito maus nisso. Conseguimos para o ACTA, mas depois este regressou com um nome diferente. Nessa altura, já tínhamos usado todos os nossos recursos e atenção publica.

A razão pelo que o mundo real é o alvo maior, para mim, é porque a Internet é uma emulação do mundo real. Estamos a tentar recrear esta sociedade capitalista que temos actualmente, na Internet. Portanto a Internet tem sido principalmente combustível para o fogo capitalista, ao fingir de certa forma que é algo que liga todo o mundo mas que na verdade tem planos capitalistas.

Olhemos para as maiores empresas no mundo: são todas na Internet. Olhemos para o que elas vendem: nada. O Facebook não tem produto. Airbnb, a maior cadeia de hotéis do mundo não tem hotéis; a UBER, a maior companhia de taxi do mundo, não tem nenhum tipo de taxi.

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A quantidade de empregados nestas companhias é a mais pequena de sempre enquanto os lucros, por outro lado, os maiores. A Apple e a Google estão a passar as companhias petrolíferas sem grandes dificuldades. O Minecraft foi vendido por 2.6 mil milhões e o WhatsApp por 19 mil milhões. São quantias absurdas de dinheiro por nada. É por isso que a internet e o capitalismo estão tão apaixonados um pelo outro.

Disseste-me que a Internet está estragada, que esteve sempre estragada. O que é que queres dizer com isso e podemos culpar o capitalismo extremo?

Bem, o que é certo é que a Internet é muito estúpida. Funciona de uma maneira muito simples e não precisa de nenhum ajustamento para a censura. Por exemplo, se um cabo for cortado, o trafego passa por outro lado qualquer. Mas graças à centralização da Internet, a (possível) censura ou tecnologias de vigilância tornam-se muito mais difíceis de contornar. E como a Internet foi uma invenção americana, estes ainda têm controlo sobre ela e a ICANN pode forçar qualquer domínio de topo de países a ser censurado ou desligado. Isto, para mim, é um desenho estragado.

Mas a internet sempre esteve estragada, nós é que nunca nos importamos, porque sempre houve umas quantas boas pessoas que garantiam que nada de mal acontecia. Mas acho que essa é a ideia errada. O melhor é deixas que as coisas más aconteçam o mais rápido possível para que possamos corrigi-las e ter a certeza que não voltam a acontecer no futuro. Estamos todos a prolongar esta falha total inevitável, o que não nos ajuda, de todo.

Nós não temos uma internet livre. Não temos internet livre à bastante tempo.

Então, devemos apenas deixa-la rebentar e arder, pegar nas peças e recomeçar de novo?

Sim, com o foco na grande guerra contra este extremo capitalismo. Eu não pude votar, mas estava a torcer para que a Sarah Palin ganhasse as últimas eleições dos EUA. Quero que ganhe o Donald Trump este ano. Pela razão de que vai lixar o pais tão mais rápido do que se ganhar um Presidente menos mau. Todo o nosso mundo está focado em dinheiro, dinheiro, dinheiro. Esse é o maior problema. É por isso que tudo se lixa. Esse é o alvo que temos que corrigir. Temos que ter a certeza que temos um foco diferente na vida.

Possivelmente, a tecnologia vai-nos dar robôs que nos irá tirar todos os empregos, o que vai causar uma série de desemprego massiva, algo como 60 porcento. As pessoas vão ficar muito infelizes. Isto seria óptimo porque pode-se ver finalmente o capitalismo a cair forte. Vai haver imenso medo, sangue corrido, e vidas perdidas para chegar a esse ponto, mas acho que a única coisa positiva que vejo, é que vamos ter um colapso total do sistema no futuro. Espero que o mais rápido possível. Prefiro que seja quando tiver 50 do que quando tiver 85.

Isso soa-se muito com uma revolução Marxista: uma queda total do sistema capitalista.

Sim, eu concordo completamente com isso. Sou socialista. Eu sei que Marx e o comunismo não funcionaram antes, mas acho que no futuro temos a possibilidade de haver um verdadeiro comunismo e igualdade no acesso às coisas para todos. A maioria das pessoas que conheço, sejam comunistas ou capitalistas, concordam comigo nisto, porque percebem o seu potencial.

Portanto, existe algo concreto que nos devemos focar? Ou temos que apontar para uma nova forma de pensar? Uma nova ideologia?

Eu penso que nos devemos focar que a internet é exactamente igual à sociedade. As pessoas podem não entender que não é uma boa ideia ter todos os nossos dados e ficheiros no Google, Facebook e servidores de empresas. Todas essas coisas precisam de ser comunicadas pela elite política, claro. Mas temos que parar de tratar a internet como se fosse uma coisa diferente e virar a atenção para como queremos que a nossa sociedade seja. Temos que corrigir a nossa sociedade antes de corrigir a internet. É a única coisa.

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