Erro 451 é o novo erro para a censura

Os códigos de estado HTTP fazem parte do núcleo do protocolo que serve as páginas web. Sem dúvida, o mais conhecido de todos é o 404, quando uma página não é encontrada. Agora, a Internet Engineering Task Force (IETF) veio anunciar a criação de mais um código de estado, o 451, que significa que a página foi retirada por questões legais..

Por questões de transparência, para além do código, a razão que levou ao bloqueio da página deve ser incluido no corpo da resposta.

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Exemplo do erro que pode ser apresentado quando um site é bloqueado.

Este novo código deverá ser utilizado não só para bloqueios por questões de direitos de autor, como filmes do YouTube que foram removidos. Sites censurados ou bloqueados pelo ISP através de DNS deverão apresentar este código.

O número 451 também não foi por acaso. Foi retirado do livro Fahrenheit 451, um romance que fala de uma realidade onde todos os livros são proibidos, opiniões próprias são censuradas e o pensamento critico é suprimido.

Esta é uma boa notícia uma vez que vai ser muito mais fácil identificar conteúdo que está censurado em Portugal, e facilmente arranjar maneiras de contornar esse bloqueio. O Ahoy! agradece.

Fonte: Pplware

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Fundador do Pirate Bay: “Eu desisti”

Peter Sunde, um dos fundadores e porta-voz do The Pirate Bay aceitou, no passado dia 11 de Dezembro, dar uma entrevista ao site Motherboard. Sunde partilhou a sua opinião sobre o actual estado da Internet, da falta da liberdade e da completa indiferença das pessoas.

“A internet está uma merda, hoje. Está estragada. Esteve provavelmente sempre estragada, mas nunca esteve tão mal.”

A conversa de Joost Mollen, autor do artigo com Peter Sunde não começou de forma optimista. E há boas razões para isso: nos últimos dois meses, a cultura pirata demonstra pesados sinais de derrota na batalha pela Internet.

No último mês vimos a Demonii desaparecer. Era o maior tracker de torrents na Internet, responsável por mais de 50 milhões de trackers anualmente. A MPAA conseguiu também desligar a famosa equipa YIFY juntamente com o Popcorn Time. Cá por Portugal, todos os meses dezenas de sites estão a ser bloqueados por ordem de organismo privado e sem qualquer intervenção judicial.

Embora pareça que os piratas estejam ainda a lutar nesta batalha, Sunde afirma que a realidade é mais definitiva: “Já perdemos.”

Em 2003, Peter Sunde, juntamente com Fedrik Neij e Gottfrid Svartholm lançaram o Pirate Bay, um site que se veio a tornar o maior e mais famoso site de partilha de ficheiros no mundo. Em 2009, os três fundadores foram julgados num caso controverso onde foram considerado culpados de “ajudar [outros] a cometer violações de direitos de autor.”

Parem de tratar a internet como se fosse algo diferente, e comecem a focar-se em como querem que a vossa sociedade seja.

Motherboard: Olá Peter, estava a pensar perguntar-te como estão a ir as coisas, mas claramente não estão bem.

Peter: Não, não vejo nada de bom acontecer. As pessoas contentam-se com pouco.

Olha para a lei da Neutralidade da Internet na Europa. É terrível, mas as pessoas estão contentes e dizem “podia ser pior”. Esta atitude é errada. O Facebook leva a Internet para África e para outros países pobres, mas eles apenas dão acesso limitado ao seu próprio serviço e fazem dinheiro com pessoas pobres. E conseguem apoio dos governos para o fazer, visto que eles fazem excelente marketing.

A Finlândia tornou o acesso à Internet num direito humano à uns tempos. Foi uma boa jogada da Finlândia. No entanto, é a única coisa positiva que vejo de qualquer país no mundo relativamente à Internet.

Então, o quão mau está o estado da internet livre?

Bem, nós não temos uma internet livre. Não temos uma internet livre à bastante tempo. Portanto, não podemos falar sobre internet livre porque já não existe. O problema é que ninguém para ninguém. Estamos a perder privilégios e direitos constantemente. Não estamos a ganhar nada em lado nenhum. A tendência tem sido apenas unidirecional: uma internet mais fechada e mais controlada. Isto tem um grande impacto na nossa sociedade. Porque a sociedade é um espelho da internet. Se tens uma internet mais oprimida, tens também uma sociedade mais oprimida. Isso é algo em que nos devíamos focar.

Mas ainda se pensa na Internet como um novo tipo de Faroeste, que as coisas ainda não estão nos conformes e por isso não nos preocupamos porque vai tudo ficar bem, de alguma forma. Mas não é bem o caso. Nunca se viu tanta centralização, extrema desigualdade e extremo capitalismo em nenhum sistema antes. Mas de acordo com o marketing feito por pessoas como Mark Zuckenberg e com empresas como a Google, o objectivo é ajudar a internet livre e difundir a democracia, etc. E ao mesmo tempo, eles têm monopólios capitalistas. É como confiar que o inimigo vai ter boas ações. É bizarro.

Pensas que é por as pessoas não considerem a internet como algo real, ou um sítio real, que se preocupam menos com o seu bem estar?

Bem, uma coisa é certa, temos vindo a crescer a perceber a importância das coisas como uma linha telefónica ou a televisão. E se começássemos a tratar as nossas linhas telefónicas ou os canais televisivos como tratamos a internet, as pessoas iam ficar chateadas. Se alguém te diz que não podes ligar a um amigo ias perceber que é uma coisa bastante má que está a acontecer. Entendemos os nossos direitos. Mas as pessoas não sentem isso com a Internet. Se alguém te diz que não podes usar o Skype para isto ou para aquilo, não tens a sensação que é sobre ti em particular. Não vês ninguém a espiar-te, não vês nada censurado, não vês quando alguém apaga resultados das pesquisas do Google. Eu acho que esse é o maior problema para conseguir obter atenção das massas. Se não vês os problemas, não te sentes ligado a eles.

Eu preferia não me preocupar com isso. Porque é muito difícil fazer algo sobre isso e não te tornares num paranóico das conspirações. E não queres ser assim, por isso desistes. Acho que isso é o que as pessoas pensam.

Do que é que desististe, exactamente?

Desisti da ideia que podemos vencer esta batalha pela Internet.

A situação não vai ser diferente porque aparentemente isto é algo que as pessoas não estão interessadas em corrigir. Ou nós não conseguimos que as pessoas se interessem o suficiente. Talvez seja um pouco de ambos, mas é este tipo de situação em que estamos, por isso é inútil fazer algo em relação a isso.

Tornamo-nos, de certa forma, o Cavaleiro Negro d’O Santo Graal dos Monty Python. Temos apenas metade da nossa cabeça de sobra e ainda estamos a lutar, ainda pensamos que temos hipótese de ganhar.

Então o que podem as pessoas fazer para mudar isto?

Nada.

Nada?

Não, acho que já chegamos a esse ponto. Acho que é realmente importante que se perceba isto. Perdemos esta luta. Temos que admitir a derrota e ter a certeza que na próxima vez percebemos porque é que a perdemos para termos a certeza que não volta a acontecer e que ganhamos a guerra.

Desisti da ideia que podemos vencer esta batalha pela Internet.

Certo, então de que se trata esta guerra e o que podemos fazer para a vencer?

Acho que para ganhar a guerra primeiro temos que entender por o que estamos a lutar, e para mim é claro que estamos a lidar com uma questão ideológica: o capitalismo extremo que se vê actualmente, os lobbies poderosos existentes e a centralização de poderes. A internet é apenas uma peça de um puzzle maior.

E outra coisa com o ativismo é que é preciso obter-se momento e atenção. E nós somos muito maus nisso. Conseguimos para o ACTA, mas depois este regressou com um nome diferente. Nessa altura, já tínhamos usado todos os nossos recursos e atenção publica.

A razão pelo que o mundo real é o alvo maior, para mim, é porque a Internet é uma emulação do mundo real. Estamos a tentar recrear esta sociedade capitalista que temos actualmente, na Internet. Portanto a Internet tem sido principalmente combustível para o fogo capitalista, ao fingir de certa forma que é algo que liga todo o mundo mas que na verdade tem planos capitalistas.

Olhemos para as maiores empresas no mundo: são todas na Internet. Olhemos para o que elas vendem: nada. O Facebook não tem produto. Airbnb, a maior cadeia de hotéis do mundo não tem hotéis; a UBER, a maior companhia de taxi do mundo, não tem nenhum tipo de taxi.

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A quantidade de empregados nestas companhias é a mais pequena de sempre enquanto os lucros, por outro lado, os maiores. A Apple e a Google estão a passar as companhias petrolíferas sem grandes dificuldades. O Minecraft foi vendido por 2.6 mil milhões e o WhatsApp por 19 mil milhões. São quantias absurdas de dinheiro por nada. É por isso que a internet e o capitalismo estão tão apaixonados um pelo outro.

Disseste-me que a Internet está estragada, que esteve sempre estragada. O que é que queres dizer com isso e podemos culpar o capitalismo extremo?

Bem, o que é certo é que a Internet é muito estúpida. Funciona de uma maneira muito simples e não precisa de nenhum ajustamento para a censura. Por exemplo, se um cabo for cortado, o trafego passa por outro lado qualquer. Mas graças à centralização da Internet, a (possível) censura ou tecnologias de vigilância tornam-se muito mais difíceis de contornar. E como a Internet foi uma invenção americana, estes ainda têm controlo sobre ela e a ICANN pode forçar qualquer domínio de topo de países a ser censurado ou desligado. Isto, para mim, é um desenho estragado.

Mas a internet sempre esteve estragada, nós é que nunca nos importamos, porque sempre houve umas quantas boas pessoas que garantiam que nada de mal acontecia. Mas acho que essa é a ideia errada. O melhor é deixas que as coisas más aconteçam o mais rápido possível para que possamos corrigi-las e ter a certeza que não voltam a acontecer no futuro. Estamos todos a prolongar esta falha total inevitável, o que não nos ajuda, de todo.

Nós não temos uma internet livre. Não temos internet livre à bastante tempo.

Então, devemos apenas deixa-la rebentar e arder, pegar nas peças e recomeçar de novo?

Sim, com o foco na grande guerra contra este extremo capitalismo. Eu não pude votar, mas estava a torcer para que a Sarah Palin ganhasse as últimas eleições dos EUA. Quero que ganhe o Donald Trump este ano. Pela razão de que vai lixar o pais tão mais rápido do que se ganhar um Presidente menos mau. Todo o nosso mundo está focado em dinheiro, dinheiro, dinheiro. Esse é o maior problema. É por isso que tudo se lixa. Esse é o alvo que temos que corrigir. Temos que ter a certeza que temos um foco diferente na vida.

Possivelmente, a tecnologia vai-nos dar robôs que nos irá tirar todos os empregos, o que vai causar uma série de desemprego massiva, algo como 60 porcento. As pessoas vão ficar muito infelizes. Isto seria óptimo porque pode-se ver finalmente o capitalismo a cair forte. Vai haver imenso medo, sangue corrido, e vidas perdidas para chegar a esse ponto, mas acho que a única coisa positiva que vejo, é que vamos ter um colapso total do sistema no futuro. Espero que o mais rápido possível. Prefiro que seja quando tiver 50 do que quando tiver 85.

Isso soa-se muito com uma revolução Marxista: uma queda total do sistema capitalista.

Sim, eu concordo completamente com isso. Sou socialista. Eu sei que Marx e o comunismo não funcionaram antes, mas acho que no futuro temos a possibilidade de haver um verdadeiro comunismo e igualdade no acesso às coisas para todos. A maioria das pessoas que conheço, sejam comunistas ou capitalistas, concordam comigo nisto, porque percebem o seu potencial.

Portanto, existe algo concreto que nos devemos focar? Ou temos que apontar para uma nova forma de pensar? Uma nova ideologia?

Eu penso que nos devemos focar que a internet é exactamente igual à sociedade. As pessoas podem não entender que não é uma boa ideia ter todos os nossos dados e ficheiros no Google, Facebook e servidores de empresas. Todas essas coisas precisam de ser comunicadas pela elite política, claro. Mas temos que parar de tratar a internet como se fosse uma coisa diferente e virar a atenção para como queremos que a nossa sociedade seja. Temos que corrigir a nossa sociedade antes de corrigir a internet. É a única coisa.

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Tribunal sueco recusa-se a ordenar o bloqueio do Pirate Bay

Por cá, a justiça ordenou, em Março deste ano, que as operadoras de comunicações barrassem o Pirate Bay. Mas a decisão de um tribunal sueco foi diferente. O Tribunal Distrital de Estocolmo diz que não pode forçar as operadoras a bloquear o acesso dos seus clientes ao Pirate Bay.

A decisão refere também que as operadoras não podem ser responsabilizadas pelas eventuais violações de direitos de autor, feitas através do Pirate Bay.

O caso na justiça sueca foi aberto pela Universal Music, pela Sony Music, pela Warner Music, pela Nordisk Film e pela Swedish Film Industry no ano passado. Estas entidades, responsáveis por boa parte dos conteúdos de vídeo e de música que consumimos, queriam que a segunda maior operadora da Suécia, a Bredbandsbolaget, “fechasse” o Pirate Bay.

O tribunal travou a acção judicial por unanimidade; os detentores de direitos de filmes e de músicas que avançaram com esta iniciativa têm agora de pagar todos os custos judiciais à Bredbandsbolaget. A operadora pode, no entanto, recorrer da acção.

O Pirate Bay foi criado na Suécia por Gottfrid Svartholm, Fredrik Neij e Peter Sunde em 2003, e rapidamente se tornou um dos principais arquivos BitTorrent do mundo. O site cresceu em notoriedade e tornou-se uma das principais lutas das editoras discográficas e dos estúdios de cinema.

Fonte: Shifter

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Empresas serão proibidas de oferecer criptografia inquebrável

Empresas como a Apple, Google e outras serão impedidas de oferecer criptografia tão avançada e segura que nem mesmo eles possam decifrar quando ordenados, sob a nova lei.

Estas empresas serão impedidas de oferecer aos seus clientes métodos de comunicação para além do seu controlo, sob uma nova lei que será apresentada esta Quarta-Feira, 18 de Novembro. Serão impedidas de oferecer criptografia tão avançada e segura que nem mesmo eles possam decifrar quando ordenados, revelou o Daily Telegraph.

As medidas apresentadas na Investigatory Powers Bill vai obrigar as empresas tecnológicas e provedores de serviço a habilitar as agências de polícia ou de espionagem a ter acesso às comunicações sem qualquer tipo de criptografia, se estas forem solicitadas através de um mandato.

Existe uma preocupação devido ao número crescente de serviços de criptografia que estão agora completamente inacessíveis a externos, sendo que estes só poderão ser decifrados pelos próprios utilizadores.

O primeiro ministro britânico, David Cameron, pediu apoio aos deputados e ao público para apoiarem a sua proposta de novas medidas de segurança. Segundo este, os pedófilos e os criminosos não deveriam ter acesso a um “espaço seguro” online.

Os ministros não tencionam banir os serviços de criptografia uma vez que estes têm um papel importante na proteção de atividades online legítimas, tais como homebanking e dados pessoais do utilizador. Mas este uma preocupação quanto a alguns aspetos da criptografia de ponta-a-ponta, onde apenas o remetente e o receptor das comunicações as podem decifrar. Terroristas e criminosos usam esta tecnologia para comunicar sem que as agências de segurança consigam os controlar.
A Apple, no seu website, promove o facto de não ser possível decifrar os dados de iMessage e FaceTime enquanto estes estão entre dispositivos. Estes anunciam: “Ao contrário de outros serviços de mensagem, a Apple não controla as suas comunicações e não seriamos capaz de compactuar com uma escuta, mesmo que quiséssemos.”

Um representante do governo britânico declarou que: “O Governo tem noção que necessitamos de encontrar um método para trabalharmos em conjunto com a indústria da tecnologia de forma a encontrar uma solução segura e legal para conseguir aceder às comunicações de terroristas e criminosos de forma a ajudar a polícia a prevenir e resolver casos criminosos. Isso significa assegurar que as empresas consigam aceder ao conteúdo das comunicações quando solicitadas mediante um mandato, assim como muitos deles já o fazem por motivos próprios, tais como publicidade dirigida. A reputação destas empresas reside na sua capacidade de proteger os dados dos seus clientes.”. Contudo, com esta medida os operadores de Internet serão obrigados a guardar o histórico de navegação dos seus clientes por um ano.

Poderá ser este o primeiro passo para perdermos os mecanismos que nos permitem proteger a nossa privacidade online, mergulhando assim, numa era em que a nossa privacidade estará desprotegida.

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